Na margem esquerda do Rio Tibagi, eficiência de geração em geração
por Mara Ramos
Fazenda Cachoeira 2C, localizada na pequena Sertanópolis, no norte do Paraná, é um exemplo de eficiência. Não sem razão, afinal, produzir 10 cabeças por alqueire, num país onde a média é de 2 cabeças, só é possível com a busca constante por eficiência.
E claro que isso não ocorre por acaso. A sagacidade e espírito pioneiro de Celso Garcia Cid e sua esposa Francisca Campinha Garcia, passou para os netos Gabriel, Gustavo e Guilherme que, juntamente com a mãe Beatriz Garcia Cid, mantém a tradição e a qualidade do Nelore Cachoeira 2C.
A história da criação come- çou a ser escrita em 1960, quan- do Celso Garcia Cid tomou a decisão de viajar à Índia para tra- zer genética Zebu para o Brasil. Sozinho trouxe 117 cabeças das raças Nelore, Guzerá e Gir. Em 1962, juntamente com Rubico Carvalho, Torres Homem e Nenê Costa, veio o segundo lote. Um dos mais preciosos animais, o Krisna, da raça Gir – imortalizado na sala da sede da fazenda Cachoeira – imprimiu sua genética em 1/3 do rebanho da raça exis- tente hoje no Brasil. Atualmente a fazenda possui alguns animais Gir, como forma de manter a tradição, mas o foco da criação está mesmo nos touros Nelore PO.
Mas a trajetória de Celso Garcia Cid é conhecida, assim como as características de sua per- sonalidade que marcaram a histó- ria da família na criação de Nelore. Da primeira viagem para a Índia à intrigante preferência em ter sua propriedade à margem esquerda do rio, passando pelo olhar ao mesmo tempo caprichoso nos detalhes e distante no horizonte a espreitar o futuro, a família Garcia Cid seguiu com paixão pela criação, mas com foco e eficiência nos negócios.
Quem nos contou e emocionante história familiar foi Gabriel Garcia Cid, que recebeu a reportagem da revistanelore no final de outubro. Da viagem à Índia aos dias de hoje muita coisa mudou, mas a visão para o mercado pecuário brasileiro não. Assim como os avós, a mãe e os irmãos Garcia Cid buscam tecnologia para pro- duzir cada vez mais com eficiência, qualidade e rentabilidade.
Os números não deixam dúvidas. Em apenas 120 alqueires, hoje divididos em 21% para mata preservada, 36% para lavoura de soja e milho, 13% para produção de feno e 28% para pastagens, chegaram na safra 2017/2018 a uma produção de 120 touros e a meta de dobrar esse volume no próximo ano.
Segundo Gabriel isso só é pos sível com o uso da tecnologia e inovação nos processos. “Temos uma área pequena, por isso preci- samos buscar eficiência para produzir mais, numa área menor”, contou. Entre as tecnologias adotadas estão a rotação de pastagem com piquetes, a produção de feno e silo para suplementação, adubação da pastagem e a integração lavoura/pecuária.
“Nossa maior competição hoje é com a soja, que é muito forte em nossa região. Mantemos a soja, mas também a criação PO em sistema de integração, isso faz com que a criação ganhe na eficiência” afirmou Gabriel. Outro fator importante é que a marca Cachoeira 2C continua sendo referência no Nelore. “Desde a época do meu avô sempre fomos abertos a buscar novas linhagens para imprimir qualidade no rebanho”, disse. Na década de 80 a Cachoeira foi pioneira no uso de computadores para o controle e mensuração de dados do rebanho. Campeã consagrada nas pistas das principais exposições do Brasil, a marca também está presente nos programas de melhoramento da ABCZ, como o PMGZ, e também nas provas de ganho de peso, como na recente prova à pasto, realizada pelo Sindicato Rural e ABCZ, em Pato de Minas, MG, cujo animal vencedor foi o 2659/16 Cachoeira 2C.
Sempre entre os melhores do ranking a Cachoeira deixou as pistas e mantém foco na criação de qualidade e venda de genética melhoradora através dos touros PO em seu leilão anual de produção (no mês de setembro), e também como convidado em outros leilões. “O retorno dos clientes comprova que o gado é muito bem avaliado e dá resultado. Sempre buscamos produção de carne e habilidade materna, com qualidade de carcaça, mas sem perder o padrão racial. O ideal é o equilíbrio da criação com animais geradores de precocidade, qualidade e ganho de peso, mas sempre lembrando que a genética boa é a da precocidade”, afirmou.
No último leilão, realizado em setembro passado, a média dos touros foi de R$ 9.800,00 ven- didos para dez estados brasileiros. “O Zebu é do calor, o Nelore Cachoeira prova isso com perfeita adaptação em qualquer região do Brasil”, explicou Gabriel.
Com a necessidade de promover uma criação eficiente e o foco de dobrar o volume de animais, numa área relativamente pequena, surgiu a ideia de produzir feno para suplementação dos animais. Há três anos a Cachoeira investiu no plantio da espécie Cynodon dactylon, a Tifton 85, considerado o melhor cultivar do gênero, caracterizado pela alta produção de matéria seca.
Numa área de 15 alqueires a produção da safra 2017/2018 chegou a 15.600 fardos e uma meta de chegar a 4 mil fardos por alqueire em quatro cortes anuais em área irrigada.
“Uma parte da produção é utilizada para a própria criação e o excedente é comercializado no mercado, especialmente de cavalos” explicou Gabriel. A qualidade da produção é outro fator importante. “Temos terra fértil e um processo de produção eficiente para atingir o volume e a eficiência que buscamos, sendo que o principal é que temos um produto de alta qualidade nutricional”, finalizou.
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; niguém vem ao Pai senão por mim. João 14:06
Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Salmos 24:1